09/06/2021 - Arte, Educação Física, Ensino Religioso, História

Mão na massa, Brasil! – Música e religião

Palavras-chave:

Música, berimbau, composição.

 

Segmento/ano:

Ensino fundamental


Olá Professores!

 

No post anterior falamos sobre a religiosidade presente na prática da capoeira e em como ela representa resistência e luta para o povo negro. Para ler ele clique AQUI.

Uma das pontes mais diretas entre as religiões de matriz africana e a capoeira está presente justamente na música.  A bateria da capoeira possui instrumentos semelhantes aos usados na engoma, conjunto musical do candomblé.

A música é parte imprescindível da roda de capoeira e não é incomum ver mestres de capoeira pararem o jogo para dar bronca nos músicos, caso eles estejam tocando errado. Isso acontece pois quem dita o início, o ritmo e o fim do jogo são justamente a frequência e o tipo de toque feito pela bateria.

Não distante de como ocorre no candomblé, em que frequências e tipos de toques diferentes representam cada orixá seus rituais específicos. A música  a musicalidade estão presentes também em outras religiões:

 

 

Para visualizar e baixar o infográfico em PDF, basta clicar AQUI.

 

 

Em virtude do dia 13 e da lei áurea e sua problemáticas (você pode ler mais sobre clicando AQUI), a proposta de hoje será pensar música, religião e resistência, partindo da capoeira, que representa a união de  tudo isso. Para tal, a ideia é desenvolver uma oficina de construção de instrumento musical  de composição junto com os estudantes.

Dentro da bateria da capoeira existe mais de um instrumento, que define quais e em qual quantidade estarão presentes  é o mestre de capoeira que está guiando a roda. Abaixo segue um exemplo de organização, delimitado pelo Mestre Lua, da Bahia:

 

 

 

 

Os berimbaus são os condutores da bateria, em especial o gunga que possui som mais grave. Sem o berimbau não existe capoeira. O instrumento de origem africana era utilizado pelos escravizados que trabalhavam a ganho para seus senhores, geralmente na rua vendendo produtos, para chamar fregueses. Possivelmente seu nome vem da madeira mais usada para sua produção, a biriba.

A religiosidade afro-brasileira olha o berimbau através de seu poder de comunicação com os espíritos dos mortos e antepassados. Também há a crença na cura do banzo (depressão/melancolia presente nos africanos diaspóricos por estarem longe de sua terra) através dos sons emitidos pelo berimbau.

Acompanhado da música emitida pela bateria da capoeira, há o canto chamado de ladainha que passa uma mensagem para quem está ouvindo.

 

 

 

 

Pensando no 13 de maio, temos a ladainha Dona Isabel, do mestre Toni Vargas, que diz:

 

“Dona Isabel que história é essa?

Dona Isabel que história é essa

Oi ai ai!

de ter feito abolição?

De ser princesa boazinha que libertou a escravidão

To cansado de conversa

to cansado de ilusão

Abolição se fez com sangue

Que inundava este país

Que o negro transformou em luta

Cansado de ser infeliz

Abolição se fez bem antes

E ainda há por se fazer agora”

Ladainha de capoeira Dona Isabel, do Mestre Toni Vargas.

 

Ou seja, as ladainhas contam histórias, geralmente a dos próprios jogadores.

 

A proposta de atividade de hoje é a construção de uma oficina de berimbau e de composição de uma ladainha, tudo possível de fazer em casa ou no ambiente escolar, com o auxílio de adultos!

 

O primeiro passo é justamente a produção do berimbau, que pode ir de acordo com sua criatividade no uso de itens alternativos para produção, mas deixamos aqui uma sugestão de construção passo a passo:

 

 

Para visualizar e baixar o infográfico em PDF, basta clicar AQUI.

 

 

O som não sairá perfeito, tal qual o do instrumento original, mas a intenção é que os estudantes experimentem os sons e a sonoridade de forma mais livre, num processo de descoberta! Posteriormente, para acompanhar os sons produzidos, a segunda fase da oficina é produzir uma ladainha que fale da vida deles, da família, bairro, cidade, etc. e que traga os elementos básicos de uma ladainha:

 

 

Para visualizar e baixar o infográfico em PDF, basta clicar AQUI.

 

 

A partir daí a criatividade entra na roda! Que tal simular uma roda de capoeira em que os estudantes possam compartilhar suas ladainhas entre si? Além de trocarem o que descobriram sobre os sons de seus berimbaus. Só não se esqueça de proporcionar, antes e ao longo da oficina, os debates da resistência racial e da capoeira como luta do povo negro antes e pós abolição.

 

Habilidades mobilizadas (BNCC):

(EF15AR14) Perceber e explorar os elementos constitutivos da música (altura, intensidade, timbre, melodia, ritmo etc.), por meio de jogos, brincadeiras, canções e práticas diversas de composição/criação, execução e apreciação musical.

(EF69AR19) Identificar e analisar diferentes estilos musicais, contextualizando-os no tempo e no espaço, de modo a aprimorar a capacidade de apreciação da estética musical.

(EF69AR21) Explorar e analisar fontes e materiais sonoros em práticas de composição/criação, execução e apreciação musical, reconhecendo timbres e características de instrumentos musicais diversos.

(EF02ER03) Identificar as diferentes formas de registro das memórias pessoais, familiares e escolares (fotos, músicas, narrativas, álbuns…).

Texto escrito em parceria entre: Equipe Assessoria de História e Ensino Religioso e a Professora Daniela Pereira da Silva

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Referências:
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/SEB, 2017. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/02/bncc-20dez-site.pdf>. Acesso em: abril, 2021.
COLUMÁ, Jorge Felipe; CHAVES, Simone Freitas. O sagrado no jogo de capoeira. Textos Escolhidos de Cultura e Arte Populares, v. 10, n. 1, 2013.
ALVAREZ, Laura. Cantigas e comunicação na roda de capoeira. 1997.

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