25/05/2021 - Matemática
Sugestão de Atividade de Matemática
Olá, professor!
Tudo bem?
Você já ouviu falar em Educação antirracista? Você já pensou em como as aulas de Matemática podem contribuir com esse trabalho? Pois é, nesta postagem iremos apresentem algumas possibilidades, vamos conosco?
Então, de acordo com informativo publicado pelo IBGE*, em 2019, as populações de cor ou raça preta ou parda correspondiam a 55,8%** dos brasileiros, mas essa distribuição da população não se mantém quando se analisa alguns indicadores sociais como questões referentes ao mercado de trabalho ou distribuição de renda.

No infográfico acima podemos observar que a distribuição racial nos cargos gerenciais não é proporcional à distribuição populacional por cor ou raça. O mesmo acontece quando observamos a quantidade de treinadores de futebol negros em relação à quantidade de jogadores negros.
A pesquisa do IBGE também revelou que o rendimento médio mensal da população preta ou parda é menor do que da população branca. Mesmo considerando a renda média entre os diferentes níveis de escolaridade a desigualdade permanece, veja nos infográficos abaixo.
Para ver em tamanho maior, clique AQUI.
Os dados apresentados corroboram com a existência de um racismo institucional nas organizações.
Para Jaccoud (2009) o racismo institucional não se expressa em atos manifestos, explícitos ou declarados de discriminação (como poderiam ser as manifestações individuais e conscientes que marcam o racismo e a discriminação racial, tais quais reconhecidas e punidas pela Constituição brasileira). Mas ao contrário, atua de forma difusa no funcionamento cotidiano de instituições e organizações, que operam de forma diferenciada na distribuição de serviços, benefícios e oportunidades aos diferentes segmentos da população do ponto de vista racial.
Lançar luz sobre essa questão nos permite compreender melhor a realidade social que nos cerca e com essa consciência promover ações que contribuam para o desenvolvimento da cidadania e transformação da sociedade.
Mas e o que a matemática tem a ver com isso?
O tratamento de dados (estatística) é trabalhado dentro do componente curricular matemática desde os anos iniciais do ensino fundamental visando desenvolver habilidades para coletar, organizar, representar, interpretar e analisar dados em uma variedade de contextos, de maneira a fazer julgamentos bem fundamentados. Isso envolve reconhecer, interpretar e construir gráficos e tabelas em variados contextos.
As aulas de matemática também devem ter o compromisso com o desenvolvimento de algumas competências específicas como:
Desenvolver o raciocínio lógico, o espírito de investigação e a capacidade de produzir argumentos convincentes, recorrendo aos conhecimentos matemáticos para compreender e atuar no mundo (BRASIL, 2018,p.267).
Fazer observações sistemáticas de aspectos quantitativos e qualitativos presentes nas práticas sociais e culturais, de modo a investigar, organizar, representar e comunicar informações relevantes, para interpretá-las e avaliá-las crítica e eticamente, produzindo argumentos convincentes (BRASIL, 2018, p.267).
Dessa forma, podemos planejar uma aula de matemática envolvendo o tratamento de dados e a desigualdade racial no Brasil. Lembrando que esse tipo de trabalho visa o desenvolvimento não somente de habilidades e competências da matemáticas, mas também o desenvolvimento do pensamento crítico e o preparo para o exercício da cidadania.
Vale ainda ressaltar que essa proposta é uma boa oportunidade para trabalhar de forma interdisciplinar com outras áreas do conhecimento.
Na sequência você poderá baixar uma sugestão de atividade que elaboramos pensando nessa proposta. O encaminhamento apresenta uma possibilidade e serve para inspirá-los, fiquem a vontade para editar, recortar e fazer as adaptações que considerem conveniente.
Clique AQUI e baixe a atividade.
O Sistema Aprende Brasil está promovendo o evento online – Reflexões sobre práticas pedagógicas: Caminhos para uma educação Antirracista – Clique AQUI para Saber Mais.
* O IBGE pesquisa a cor ou raça da população brasileira com base na autodeclaração. Ou seja, as pessoas são perguntadas sobre sua cor de acordo com as seguintes opções: branca, preta, parda, indígena ou amarela.
** De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2019, 42,7% dos brasileiros se declararam como brancos, 46,8% como pardos, 9,4% como pretos e 1,1% como amarelos ou indígenas.
REFERÊNCIAS:
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília – DF, 2018.
IBGE. Coordenação de População e Indicadores Sociais <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101681_informativo.pdf> Acesso em 18 de maio de 2021.
LOPEZ, L.C. O conceito de racismo institucional. Disponível em:
<https://www.scielo.br/pdf/icse/v16n40/aop0412.pdf> Acesso em 18 de maio de 2021.
JACCOUD, L. (Org.). A construção de uma política de promoção da igualdade racial: uma análise dos últimos 20 anos. Brasília: Ipea, 2009.
MENDONÇA, R. Técnicos negros sofrem para quebrar preconceito e ganhar espaço no futebol. Disponível em:
<https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/11/141111_racismo_tecnicos_futebol_rm> Acesso em 18 de maio de 2021.
PEREIRA, J. Dia da consciência negra: o esporte no Brasil como espelho do racismo estrutural. Disponível em:
<https://www.otempo.com.br/superfc/outros/dia-da-consciencia-negra-o-esporte-no-brasil-como-espelho-do-racismo-estrutural-1.2415367> Acesso em 18 de maio de 2021.
SANT, L e MENDES, L. Observatório da Discriminação Racial no Futebol. Disponível em:
<https://observatorioracialfutebol.com.br/numero-baixo-de-tecnicos-negros-e-mais-uma-face-do-racismo-velado-no-futebol-brasileiro/ > Acesso em 18 de maio de 2021.