16/04/2021 - Ciências, Ensino Religioso, História, Língua Inglesa

Saberes indígenas a partir de uma proposta interdisciplinar

 

Palavras-chave:

Espiritualidade indígena, diversidade, conhecimento científico.

 

Segmento/ano:

Ensino fundamental


 

Olá Professores!

 

Você parou para pensar que a nossa forma de entender o mundo é diretamente influenciada pela nossa relação com a natureza, pelas culturas que nos cercam, e claro pelas religiões que aprendemos? As diferentes formas de interpretar o mundo chamamos de cosmovisão.

 

Essa palavra que parece complicada, mas não é, e vai aparecer como conteúdo nos livros didáticos apenas no Ensino Médio, porém de diferentes formas já abordamos este assunto com nossos alunos desde os anos iniciais do Ensino Fundamental. Por exemplo, em Ensino Religioso, no 5º ano, mobilizamos diferentes saberes que envolvem a cosmovisão de diversos povos ao desenvolver a habilidade destacada abaixo:

 

(EF05ER02) Identificar mitos de criação em diferentes culturas e tradições religiosas.

O mesmo acontecerá no 6º ano, tanto nas aulas de Ensino Religioso quanto de História, veja:

 

(EF06ER06) Reconhecer a importância dos mitos, ritos, símbolos e textos na estruturação das diferentes crenças, tradições e movimentos religiosos.

(EF06ER07) Exemplificar a relação entre mito, rito e símbolo nas práticas celebrativas de diferentes tradições religiosas.

(EF06HI03) Identificar as hipóteses científicas sobre o surgimento da espécie humana e sua historicidade e analisar os significados dos mitos de fundação.

 

 

Abordar este assunto nas aulas de História e Ensino Religioso parecem comum, não é mesmo? Mas, já pensou em desenvolver uma prática transdisciplinar, somando o conteúdo com Ciências e Língua Inglesa?

 

 

Para fazer, primeiro, isso é preciso entender que cada sociedade tem a sua forma de expressão cultural, crenças e saberes a serem considerados, a Ciência como conhecemos é construída pela humanidade por meio de leis e teorias que podem ser refutadas e estão em constante evolução. Entre os indígenas encontramos mitos e lendas que procuram explicar o seu cotidiano e a origem de tudo, do céu da água e da Terra, o que não necessariamente precisa ser provado como é na Ciência, basta apenas ser aceito pela comunidade indígena.

 

Alguns chamam a cosmovisão indígena de folclore, algo que pode ser bastante questionável, veja uma discussão sobre esse assunto no post “Mão na massa, Brasil! – Espiritualidade e folclore“, clicando aqui.

 

Para os mais diversos povos indígenas a terra é base das relações sociais e espaço para conviver, portanto suas crenças estão diretamente atreladas as forças da natureza que conhecem. Muitas vezes as próprias divindades tomam forma através da fauna e da flora. Diversas etnias indígenas brasileiras desenvolveram um modo de vida e um conhecimento sobre a natureza a sua volta por meia da sua observação do ambiente natural e da necessidade de sobrevivência neste ambiente, ou seja, desenvolvem sua própria cosmologia.

 

Por meio de relatos dos anciões da aldeia é constituída uma tradição de conhecimento oral que torna possível o entendimento sobre técnicas de plantio, coleta de frutos, corte de madeira, melhor época pra caçar e pescar, melhor lua para fazer uma jornada. Partindo do entendimento de que os saberes indígenas são essencialmente transmitidos pela oralidade o assunto pode ser apresentado aos alunos através da contação de histórias ou exibição de vídeos. Assista o vídeo abaixo:

 

 

A lenda do dia e da noite. Para acessar ao vídeo basta clicar na imagem ou aqui.

 

 

Ao apresentar A lenda do dia e da noite para seus alunos você pode abordar os mais diversos conteúdos de História, Ensino Religioso, assim como desenvolver habilidades de Ciência, como as destacadas abaixo:

 

(EF05CI10) Identificar algumas constelações no céu, com o apoio de recursos (como mapas celestes e aplicativos digitais, entre outros), e os períodos do ano em que elas são visíveis no início da noite.
(EF05CI11) Associar o movimento diário do Sol e das demais estrelas no céu ao movimento de rotação da Terra.
(EF05CI12) Concluir sobre a periodicidade das fases da Lua, com base na observação e no registro das formas aparentes da Lua no céu ao longo de, pelo menos, dois meses.

 

Muitas etnias desenvolveram por meio da observação dos movimentos do Sol a capacidade de construir objetos, semelhantes ao gnomon que permitem identificar as localizações geográficas. Indígenas que ocuparam o litoral brasileiro desenvolveram técnicas de navegação, construção de canoas e um conhecimento das marés mais adequadas a pesca de determinadas espécies de peixes. Assim, podemos destacar ainda outras habilidades de Ciências que podem ser desenvolvidas, veja:

 

(EF04CI09) Identificar os pontos cardeais, com base no registro de diferentes posições relativas do Sol e da sombra de uma vara (gnômon).
(EF04CI10) Comparar as indicações dos pontos cardeais resultantes da observação das sombras de uma vara (gnômon) com aquelas obtidas por meio de uma bússola.
(EF04CI11) Associar os movimentos cíclicos da Lua e da Terra a períodos de tempo regulares e ao uso desse conhecimento para a construção de calendários em diferentes culturas.

(EF06CI14) Inferir que as mudanças na sombra de uma vara (gnômon) ao longo do dia em diferentes períodos do ano são uma evidência dos movimentos relativos entre a Terra e o Sol, que podem ser explicados por meio dos movimentos de rotação e translação da Terra e da inclinação de seu eixo de rotação em relação ao plano de sua órbita em torno do Sol.

 

O conhecimento empírico dos nossos indígenas tem estreita relação com teorias e observações sistematizadas e experimentais que caracterizam o conhecimento científico, embora não tenham esta finalidade, a finalidade do saber ancestral dos primeiros brasileiros era garantir a sua sobrevivência e o melhor uso possível dos recursos naturais que estavam a sua disposição.

 

Mas, como podemos envolver Língua Inglesa nessa proposta?

 

Primeiro precisamos pensar: em inglês é correto me referir aos indígenas como indians? Veja a explicação no post “Indians? Para quem nasceu na Índia, certo?clicando aqui.

 

Ao pensar a língua inglesa, podemos ainda apresentar aos nossos alunos discussões que visam superar estereótipos e visões preconceituosas sobre povos indígenas, que acontecem no Brasil, mas que também ganham força em outros países. Por exemplo, a campanha realizada por algumas universidades americanas, e retomada pelo jornal Washingtonpost, que apresenta a ideia de apropriação cultural, e o não respeito a celebrações e roupas e artefatos considerados sagrados ou muito importantes para aquelas culturas e religiões. Observe esse pôster produzido para a campanha:

 

Para conhecer mais sobre a campanha A culture, not a costume, acesse o site do Washingtonpost clicando aqui.

 

Abordar esta temática pode desenvolver diversas habilidades e competências em nossos alunos, entre elas é possível destacar a habilidade específica de Língua Inglesa abaixo:

 

4. Elaborar repertórios linguístico-discursivos da língua inglesa, usados em diferentes países e por grupos sociais distintos dentro de um mesmo país, de modo a reconhecer a diversidade linguística como direito e valorizar os usos heterogêneos, híbridos e multimodais emergentes nas sociedades contemporâneas.

 

Este tipo de trabalho aborda uma perspectiva intercultural, ampliando o repertório cultural, importante competência destaca pela BNCC.

 

3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.

 

E, permite aos alunos perceberem que cada povo desenvolve suas explicações e razões para explicar o mundo, sendo cada uma delas de igual importância.

 

Gostou das sugestões? Compartilhe conosco como é a sua prática diante destas temáticas.

 

Equipe Assessoria de Ciências, Ensino Religioso, História e Língua Inglesa.

 

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