Dialoga, Brasil! – Por um ano indígena
Palavras-chave:
Espiritualidade indígena, diversidade, folclore.
Segmento/ano:
Ensino fundamental
“Que a temática indígena nas escolas supere a mera recreação com tintas na pele e enfeites de plumagem restritos a dias especiais e quando muito, a uma semana com painéis coloridos colados em murais.” (OLIVEIRA, 2014).
Olá Professores!
Provavelmente você deve estar cercado de conteúdos sobre a temática indígena, por conta do dia 19 de abril. Assim como em novembro, quando ocorre uma enxurrada de produções sobre a consciência negra, por conta do dia 20.
Apesar dessas “datas comemorativas” serem um momento potente para visibilizar alguns debates, também acabam por reduzir sua realização apenas nesses meses. Por isso, queremos usar este post para propor algumas reflexões e indicações de práticas.
Nas aulas de Ensino Religioso, por exemplo, é preciso tomar cuidado para não definir a espiritualidade indígena a partir de uma visão folclórica de lenda ou mito, apresentada geralmente no mês de abril. A própria percepção de folclore usada para definir a religiosidade dos povos originários é uma redução e apagamento do que para eles é muito mais que isso, pois diz respeito a sua espiritualidade.
Recentemente, a série Cidade Invisível (2021), apresentou-se como uma grande produção nacional em uma das maiores plataformas de streaming do mundo. A temática central da série é justamente o folclore brasileiro. Você pode ver o trailer dela clicando AQUI. Ao mesmo tempo que ascendeu em grande sucesso e elogios, nas redes sociais, surgiram ativistas indígenas tecendo críticas sobre a ela:
Essas críticas podem servir como uma autoanálise para nós educadores. Quantas vezes reduzimos a espiritualidade indígena a lendas? Além disso, como podemos fugir dessa lógica nas aulas de ensino religioso?
É possível partir da percepção de que o ER é um espaço de investigação de si e do outro. Essencialmente, um lugar para se debater as manifestações de fé, não para questionamento da fé em si. Dessa forma, podemos utilizar desse espaço de construção e socialização de saberes para incluir constantemente a percepção dos povos indígenas sobre o mundo.
O convite é para apresentar aos nossos educandos um ano indígena, não apenas um abril rodeado por estereótipos. Pensando sempre que o ensino religioso possui caráter interdisciplinar forte, podemos abrir espaço para apresentar a visão de mundo sobre outros temas diversos debatidos em outros meses, a partir dos conhecimentos de diferentes etnias indígenas.
Utilizando do calendário que usamos hoje, o gregoriano, apresentamos abaixo uma sugestão de assuntos, mês à mês, que são possíveis de incluir para expandir a presença das populações indígenas e seus saberes e vivências ao longo de todo o ano escolar:
A sugestão acima é um convite para introduzir os conhecimentos de diferentes povos indígenas ao longo do ano todo, de forma respeitosa e não reducionista. Para acessar os vídeos clique na imagem e baixe o PDF com os hiperlinks.
Os debates do abril indígena não precisam acontecer apenas em abril, topa esse convite? 🙂
Habilidades mobilizadas (BNCC):
EF03GE02 Identificar, em seus lugares de vivência, marcas de contribuição cultural e econômica de grupos de diferentes origens.
EF05HI07 Identificar os processos de produção, hierarquização e difusão dos marcos de memória e discutir a presença e/ou a ausência de diferentes grupos que compõem a sociedade na nomeação desses marcos de memória.
EF07HI03 Identificar aspectos e processos específicos das sociedades africanas e americanas antes da chegada dos europeus, com destaque para as formas de organização social e o desenvolvimento de saberes e técnicas.
EF09HI08 Identificar as transformações ocorridas no debate sobre as questões da diversidade no Brasil durante o século XX e compreender o significado das mudanças de abordagem em relação ao tema.
Compartilhe conosco como é a sua prática diante destas temáticas. E, fique de olho, nos próximos posts vamos apresentar diversas sugestões de práticas interdisciplinares sobre o assunto.
*Texto escrito em parceria entre: Equipe Assessoria de História e Ensino Religioso e a Professora Daniela Pereira da Silva
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Referências:
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/SEB, 2017. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/02/bncc-20dez-site.pdf>. Acesso em: abril, 2021.
DE OLIVEIRA, David Mesquiati. Ensino religioso escolar e religiosidades indígenas. UNITAS-Revista Eletrônica de Teologia e Ciências das Religiões, v. 2, p. 126-139, 2015.
SCUSSEL, Marcos André. O ser e o fazer no ensino religioso. Revista Lusófona de Ciência das Religiões, n. 12, 2007.
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