30/09/2019 - Língua Portuguesa
VAMOS FALAR SOBRE A GRAMÁTICA?
Olá, Profes, tudo bem?
Durante nossa vida, como alunos, estudamos a gramática e fizemos muitos exercícios, certo??? Pois hoje nosso post começa com um teste para avaliar nossos conhecimentos gramaticais…
Vamos lá… preparados???
– Classifique, quanto ao tipo, as consoantes P, da palavra pátio e V, da palavra favor.
– Qual a locução adjetiva correspondente à palavra esplênico?
– Dê a segunda pessoa do plural do pretérito mais-que-perfeito composto do verbo pagar
– Qual a função sintática da palavra lhes na frase: “Aos companheiros, ofereci-lhes ajuda”?
– Qual a classificação da oração sublinhada: “Quero saber por que você agiu assim”?
Calma, calma… não precisa ‘quebrar a cabeça’ e retomar tudo aquilo que você ‘decorou’ um dia para responder essas questões. Estamos, apenas, fazendo uma provocação para conversarmos hoje sobre um tema muito importante, a GRAMÁTICA em sala de aula!
Oras, felizmente os tempos mudaram e hoje o objetivo das nossas aulas de Língua Portuguesa vai além da decoreba de nomenclaturas e classificação de frases soltas, concordam? O que queremos é formar leitores críticos e escritores competentes. E é por isso que nas sequências didáticas do nosso material temos uma seção para discutir essas ocorrências da língua, que objetiva o trabalho com a análise e reflexão sobre nossa língua.
Porém, ainda é comum recebermos aqui na assessoria alguns questionamentos do tipo: “cadê a ordem da gramática nesse material?”, “como eu trabalho sintaxe com meu aluno antes de trabalhar morfologia?”, “os conteúdos estão enxutos demais”, “há uma ‘quebra’ na linearidade desses conteúdos da língua”… e ainda há mais questionamentos desse gênero que poderíamos trazer aqui, porém, todos seriam dessa mesma natureza.
Pois bem, para iniciar, precisamos recorrer para o documento que, desde sua homologação, norteia nosso trabalho – a BNCC (já comentamos um pouquinho aqui, lembram?!)
No que diz respeito à área de linguagens, a concepção que subjaz a ela é a mesma que já figurava nos PCN da década de 1990: a linguagem considerada como processo de interação entre sujeitos.
Assim, essa concepção considera a linguagem em sentido amplo, como forma comunicativa, e não a reduz apenas à língua. Por esse ângulo, essa concepção contrapõe-se às abordagens conservadoras da língua, ou seja, aquelas que a tomam como um elemento isolado das práticas socioculturais.
De acordo com a BNCC (2017, p. 81)
Os conhecimentos grafofônicos, ortográficos, lexicais, morfológicos, sintáticos, textuais, discursivos, sociolinguísticos e semióticos que operam nas análises linguísticas e semióticas necessárias à compreensão e à produção de linguagens estarão, concomitantemente, sendo construídos durante o Ensino Fundamental. Assim, as práticas de leitura/escuta e de produção de textos orais, escritos e multissemióticos oportunizam situações de reflexão sobre a língua e as linguagens de uma forma geral, em que essas descrições, conceitos e regras operam e nas quais serão concomitantemente construídos: comparação entre definições que permitam observar diferenças de recortes e ênfases na formulação de conceitos e regras; comparação de diferentes formas de dizer “a mesma coisa” e análise dos efeitos de sentido que essas formas podem trazer/suscitar; exploração dos modos de significar dos diferentes sistemas semióticos etc.
Dessa forma, compreendendo que todo esse trabalho se dará a partir do texto, é o gênero textual estudado em cada capítulo que indicará quais ocorrências da língua trabalharemos com os alunos… e não o inverso, entendem?! …. Não é a ordem gramatical que ditará a regra de qual gênero textual faremos a leitura em sala de aula, mas, sim, os diferentes textos, observando os campos de atuação, que oportunizarão o olhar para a análise reflexiva da língua, ao longo da formação do nosso aluno.
Podemos dizer, assim, que o texto é nosso objeto de estudo em sala de aula e essas atividades contribuem para o nosso aluno observar as ocorrências da variedade padrão – e das demais variedades – da nossa língua.
Vale ressaltar, ainda, que o seu papel, professor, é fundamental. É você quem irá mediar as discussões e análises dos seus alunos em sala de aula, levando-os a refletir sobre a língua, compreender e respeitar suas variedades, sabendo escolher a mais adequada a cada situação concreta de comunicação. Encontrar sujeitos, substantivos, artigos, pronomes ou verbos em um texto não ajudará nosso aluno a compreender melhor o texto e produzir outro. É preciso explorar, por exemplo, a função de cada elemento no texto, inferir sobre essas escolhas e seus efeitos na construção do discurso.
Algumas dicas:
– Priorize a exploração do texto em nível de compreensão e, caso necessário/planejado em sua sequência didática, os elementos gramaticais. Não use o texto como pretexto 😉
– É preciso que as atividades de análise e reflexão sobre a língua ocorram em paralelo às de leitura e escrita, pois elas foram planejadas para promover a reflexão sobre as características do gênero.
– Leve seus alunos a construírem suas próprias definições gramaticais.
Por exemplo, na descoberta do tempo verbal, quando eu utilizo ÃO ou AM? A partir de diferentes textos os alunos podem perceber acontecimentos presentes e passados que possibilitarão a elaboração dessa definição! Oriente-os de forma que eles percebam essas diferenças sozinhos e, assim, construam suas percepções iniciais.
– Peça para que seus alunos façam uma pesquisa sobre o item gramatical estudado em uma gramática. Na aula seguinte, conversem sobre as diferentes hipóteses e observações levantadas. Com certeza seus alunos ficarão admirados com a quantidade de exemplos encontrados. Nesse momento, confrontar essas definições da gramática com a definição elaborada por eles mostrará que a gramática não é ‘um bicho de 7 cabeças’ e que ela é mais fácil do que nossos alunos ‘pintam’. 😉
– Fique de olho em quais habilidades você está desenvolvendo no seu aluno.
– Estão produzindo um texto? Na sua correção, verifique quais são os pontos mais comuns referentes aos aspectos gramaticais, faça um levantamento e retome essas questões na reescrita do texto com seus alunos, seja através de um texto coletivo ou em módulos individuais.
E você, profe, utiliza alguma dessas estratégias ou tem mais alguma? Comente e compartilhe conosco a sua experiência!!! Vai ser muito legal pensar em diferentes possibilidades para o trabalho com a língua =]
Até a próxima 🙂